A Fazenda foi construída durante o século XIX , após a vinda de José Joaquim de Barcelos de Portugal à Região da Zona da Mata, em 04 de junho de 1825 pelo porto de Santos (Arquivo Público Mineiro, 2025). O terreno foi uma conceção de Sesmarias para uma área à beira do Rio Doce.
"Muitas vezes, a conquista da terra se dava através da concessão de sesmarias, onde a terra era concedida com obrigatoriedade de cultivar o solo num determinado praso , sob pena de cancelamento de concessão. O sistema sesmarial perdurou no Brail até 17 de julho de 1822, quando a Resolução 76, atribuída a José Bonifácop de Andrada e Silva, pôs termo a este regime de apropriação de terras. " (NOVAIS,2009)
Estima-se que no final do século XIX, a fazenda estava consolidada e apresentava suas estruturas típicas da arquitetura vernácula rural do período. Segundo relatados da família, a casa foi ampliada em 1930 para sediar o casamento da filha mais nova XXXX que, posteriormente, moraria na casa com seu novo marido XXXX e seus filhos. Esta reforma foi a maior intervenção realizada na casa. Contou com um acréscimo na porção posterior, com estruturas de banheiros e cozinha que antes eram externas à casa.
Em 1950, a casa passou por uma nova intervenção. Segundo relatos familiares, até então a fazenda dedicava-se à produção de café voltada principalmente para subsistência e pequenas trocas. Com a Crise de 1929 e a política de valorização do café instaurada no governo Vargas — que incluiu a compra e a incineração de grandes estoques para sustentar os preços no mercado internacional (FAUSTO, 2015; DELFIM NETTO, 1963) —, a família obteve recursos que possibilitaram a instalação da rede elétrica, além da construção de um novo cômodo e da reforma da cozinha e dos banheiros.
Nos anos 1980, o último membro da família se mudou da Fazenda, e, segundo relatos familiares, logo após sua saída, peças, especialmente madeiras dos paiols e das outras estruturas auxiliares da fazenda, foram roubadas. Ao longo dos anos, algumas intervenções pontuais de manutenção foram realizadas na casa.
LINHA DO TEMPO
ETAPAS DE CONSTRUÇÃO
ACRÉSCIMO 1930
Em 1930, a casa foi expandida na porção posterior, com adição de novos quartos e instalações de áreas de serviço ( banheiro e cozinha) possibilizadas pelo sistema de canalização implantado na fazenda
"...um fato importante para a escolha do local para a edificação da sede era a existência de água, tanto para abastecimento quanto para movimentação de equipamentos que dependiam de força motriz. (...) A água para afazeres domésticos era carregada do córrego ou da bica em grandes potes ou cabaças na cabeça, sendo canalizada apenas a partir do século XX. Assim, antigos cômodos localizados nos fundos da casa ou "puxados" foram construídos posteriormente para oferecer instalação sanitária e banheiro." (NOVAIS,2009)
Essa ampliação relaciona-se com diversas fazendas do período, evidenciando a adaptação das moradias tanto às novas necessidades das famílias quanto às possibilidades construtivas então disponíveis. Segundo o autor
"As fazendas construídas no século XVII apresentavam soluções em proporções quase quadradas ou retangulares, cobertas por telhados de quatro águas, sendo que mais tarde receberam puxados para as laterais ou fundos, a fim de melhorar suas acomodações "
(MENEZES, 1969).
As imagens evidenciam o acréscimo realizado na casa na porção posterior. A vista externa mostra a interrupção do elemento que contorna o recorte das esquadrias da fachada frontal que se estende para a lateral da casa. Na foto vista a partir do quarto é possível identificar a mudança na espessura da parade. Ambas fotografias colaboram para a hipótese de acréscimo da casa neste local
ACRÉSCIMO 1950
As intervenções realizadas na década de 1950 revelam-se fundamentais para a manutenção das atividades domésticas da família e evidenciam a capacidade de adaptação da arquitetura vernacular às novas demandas de conforto e funcionalidade. A construção de um novo quarto (5), implantado de forma independente em relação à estrutura original da casa, ilustra essa flexibilidade espacial, enquanto a instalação da rede elétrica marca a incorporação de inovações tecnológicas que transformaram os modos de habitar e o cotidiano das famílias rurais nesse período (MENEZES, 1969)
intervenções nos anos 2000
Ao longo dos anos, foram realizadas intervenções pontuais tanto na casa quanto no conjunto da fazenda. Relatos familiares indicam que, por volta da década de 1980, a família deixou de residir permanentemente no local, passando a utilizá-lo apenas de forma sazonal. Nesse período, as estruturas remanescentes do complexo rural começaram a se deteriorar, e algumas peças, especialmente as madeiras empregadas nos paiols, foram furtadas.
No interior da casa, as intervenções realizadas foram de caráter simples, destinadas principalmente a pequenos reparos, tais como a substituição de portas deterioradas pela ação do tempo, a manutenção de elementos do telhado, a instalação de forro em PVC e a troca de pisos em alguns cômodos
O telhado apresenta peças de tonalidades estado de conservação diferentes, indicando que houveram intervenções pontuais ao longo do anos, especialmente algumas ripas e caibros .
O piso em tabuado foi susbtituído em alguns cômodos por peças cerâmicas.
Os forros nos quartos e nas salas, eram, antigamente, em forro de taquara. Durante as intervenções dos anos 2000, foram removidos e forros em PVC foram adiconados nos locais.
No complexo da fazenda, também houveram intervenções, como construções temporárias para armazenamento de materiais de construção e estrutura de cobertura para veículos .