Os vãos das edificações eram formados por quatro elementos principais: a verga (parte superior), as ombreiras (laterais) e o peitoril e a soleira (inferiores).
Nas construções de alvenaria, pau a pique ou adobe, que possuíam paredes mais delgadas, a solução adotada pouco difere das técnicas atuais. Já nas edificações de taipa de pilão ou alvenaria de pedra, com paredes mais espessas, desenvolveu-se uma solução particular, conhecida como janela de rasgo ou janela rasgada.
Esse tipo de abertura tinha o objetivo de ampliar a entrada de luz no interior dos cômodos, apresentando laterais chanfradas ou ensutadas. A porção da parede entre a soleira e o peitoril, geralmente de menor espessura, era chamada de pano de peito.
O espaço criado pelo rasgo da parede, mais iluminado e arejado, muitas vezes recebia assentos fixos de madeira, taipa ou alvenaria, conhecidos como conversadeiras, que serviam como locais de descanso e convivência junto às janelas.
O peitoril das janelas era frequentemente acompanhado por um gradil de madeira torneada ou de ferro batido. Quando a janela se encontrava contida no próprio vão, era chamada de janela de peitoril entalado. Já quando se projetava para fora da fachada, recebia o nome de janela sacada, simplesmente sacada ou janela de púlpito.
Quando várias dessas sacadas eram dispostas lado a lado, unidas por um espaço de circulação, formavam o balcão, geralmente protegido pela projeção do telhado. As sacadas e balcões contavam com reforços estruturais internos, conhecidos como cães, cachorros ou consolos, confeccionados em madeira ou pedra. Esses elementos sustentavam o piso da sacada, composto por uma peça de pedra denominada bacia. Sobre essas sacadas, eram frequentemente construídos os muxarabis, elementos vazados que garantiam ventilação e privacidade.
O acabamento das janelas variava conforme o nível de sofisticação da construção: podia ser de madeira nas edificações mais simples ou de cantaria de pedra nas mais elaboradas — material que se tornou predominante a partir do século XIX. Quando executadas em cantaria, as vergas podiam receber cornijas, enriquecendo o desenho das aberturas.
O uso de vergas curvas ou onduladas foi registrado, segundo Robert Smith, pela primeira vez no Brasil em 1743, no Paço dos Governadores do Rio de Janeiro. Em Portugal, esse recurso já havia sido empregado anteriormente, em 1717, na fachada do Palácio de Mafra, projetado por João Frederico Ludovice.
As folhas das portas e janelas eram tradicionalmente feitas de madeira, mantendo princípios construtivos semelhantes aos atuais, diferenciando-se, contudo, pelas condições técnicas e materiais disponíveis em cada época. Podiam ser confeccionadas em régua, almofada, treliça (urupema) ou renda de madeira, sendo estas últimas mais frequentes nas janelas.
A partir do século XVIII, com a popularização do vidro, surgem as folhas envidraçadas com pinázios, embora o material ainda fosse considerado um artigo de luxo. Nos séculos anteriores, o vidro era um dos ornamentos mais custosos no interior do Brasil, a ponto de os moradores levarem as peças consigo durante mudanças. Segundo Robert Smith, o primeiro registro do uso de vidros em janelas no país foi feito pelo viajante sueco Johan Brelin, em 1756.
Nas janelas coloniais, era comum o uso de postigos, pequenas portinholas fixadas nas folhas principais, que permitiam iluminar o interior e vigiar o exterior. As aberturas podiam ser de eixo vertical (chamadas à francesa) ou de eixo horizontal (atuais basculantes).
Segundo Sylvio de Vasconcellos, as aberturas verticais eram chamadas de gelosias, e as horizontais, de rótulas. O termo gelosia vem do italiano gelosia, que significa ciúme, referindo-se às treliças que permitiam ver sem ser visto, como uma forma de resguardo e discrição. Por isso, designa mais propriamente as treliças, urupemas ou venezianas do que o sistema de articulação das janelas.
Já o termo rótula refere-se ao mecanismo de articulação, independentemente da direção da abertura, e distingue-se, por exemplo, das janelas de guilhotina, que se abrem por deslizamento vertical.
COLIN, Sílvio. Técnicas construtivas do período colonial – I. [S.l.]: Academia.edu, 1951. Disponível em: https://www.academia.edu/34159665/T%C3%A9cnicas_construtivas_do_per%C3%ADodo_colonial_I. Acesso em: 20/10/2025.
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