Também conhecido como taipa de sebe, taipa de mão, barro armado ou taipa de sopapo era uma técnica amplamente empregada nas edificações coloniais. Consistia em uma estrutura de madeira trançada (varas ou ripas), preenchida com barro misturado a capim, palha ou esterco. Essa solução era econômica, leve e de fácil execução, adaptando-se bem às condições climáticas e aos recursos locais. As paredes recebiam posteriormente um revestimento de barro ou cal, conferindo melhor acabamento e durabilidade.
A porção inferior dos esteios, enterrada no solo, não recebia acabamento em seção quadrada, conservando a forma roliça natural dos troncos, parte essa popularmente conhecida como “nabo”. As espécies mais utilizadas eram a aroeira e a braúna, devido à sua alta resistência e durabilidade. Os baldrames eram conectados aos esteios por meio de sambladuras do tipo rabo-de-andorinha, garantindo a estabilidade da estrutura.
Entre os esteios e os frechais, dispunham-se varas roliças verticais — os chamados paus-a-pique — com cerca de 10 cm de diâmetro. A esses elementos eram fixadas varas horizontais mais delgadas, formando uma trama quadrangular, aplicada em um ou em ambos os lados da estrutura. Essa malha era amarrada com cordões de seda, linho, cânhamo ou buriti, materiais comuns na época. Após a montagem da trama, o barro era lançado e comprimido manualmente, processo conhecido como “sopapo”, que completava a vedação e conferia rigidez ao conjunto.
O adobe, também conhecido como tijolo cru era produzido a partir de blocos moldados de barro e palha, secos ao so. O adobe apresentava boa inércia térmica e facilidade de execução, sendo especialmente adequado ao clima e aos recursos locais.
Cada lajota de adobe possuía, em média, 20 x 20 x 40 cm, sendo compactada manualmente em formas de madeira. O processo de secagem ocorria primeiramente à sombra, por alguns dias, e depois ao sol, garantindo maior resistência e durabilidade. A qualidade do barro era fundamental: a proporção entre argila e areia deveria ser equilibrada para evitar que o material se tornasse excessivamente quebradiço ou demasiadamente plástico.
Para aumentar a resistência dos blocos, era comum a adição de fibras vegetais ou estrume de boi à mistura. As lajotas, após secas, eram assentadas com barro, formando paredes espessas que exigiam alicerces bem isolados da umidade. Por fim, essas paredes recebiam revestimento de cal ou argamassa, o que evitava a desagregação do material ao longo do tempo e conferia melhor acabamento à superfície.
O estuque era similar ao pau-a-pique com menor espessura e trapa composta apenas por varas. Possuia um revestimento de argamassa fina, aplicado sobre paredes de barro ou madeira, com função tanto protetiva quanto estética. Permitia a uniformização da superfície e a execução de ornamentos, molduras e relevos.
O tabique é uma divisória composta por uma estrutura de vigas de madeira revestida por tábuas. Trata-se de um sistema construtivo de grande simplicidade e fácil execução, amplamente empregado no Brasil colonial, sobretudo na separação de ambientes internos. As madeiras utilizadas nesse tipo de estrutura são as mesmas aplicadas em estruturas mais robustas como aroeira, ipê, peroba, maçaranduba e jatobá, além de espécies de menor densidade, como cedro, canela, vinhático e caviúna, entre outras. Apesar de sua simplicidade, o tabique não possuía função secundária nas edificações. Um exemplo notável é o da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar, em Ouro Preto, cujas paredes externas são construídas em alvenaria de pedra, enquanto a parede da nave, em madeira, confere ao edifício sua característica forma poligonal.
Era comum combinar técnicas, por exemplo, pedra no embasamento, taipa ou pau a pique nas paredes superiores e estuque no acabamento. Essas estruturas mistas garantiam maior resistência e estabilidade, aproveitando as qualidades de cada material conforme sua função e localização na edificação.
As estruturas mistas eram, em geral em arcabouço de taipa de pilão sobre pilares de alvenaria de pedra, com a parede posicionada sob os baldrames de madeira ou arcadas de alvenaria ; paredes de alvenaria de tijolo de pedra e divisórias de vedação com tijolos de meia vez, taipa de sebe , adobo ou estuque; ou paredes de taipa e divisórias de taipa de sebe ou adobo.
COLIN, Sílvio. Técnicas construtivas do período colonial – I. [S.l.]: Academia.edu, 1951. Disponível em: https://www.academia.edu/34159665/T%C3%A9cnicas_construtivas_do_per%C3%ADodo_colonial_I. Acesso em: 20/10/2025.
chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/17497/material/aula15%20-%20N2-%20Tecnicas%20construtivas.pdf