IMPLANTAÇÃO E ORGANIZAÇÃO GERAL
IMPLANTAÇÃO E ORGANIZAÇÃO GERAL
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Vista da fachada frontal e esquerda da sede.Fonte: Acervo pessoal, 2025.
Após o acréscimo nos anos 1930, a casa segue um traçado retangular alongado, característica recorrente nas casas rurais mineiras dos séculos segundo Cruz.
A escolha do local da sede no terreno levou em consideração aspectos extremamente relevantes para a manutenção das atividades domésticas da fazenda. A proximidade com a água era fundamental, especialmente nos primeiros anos da casa, onde não havia área de serviço dentro da casa.
"Quanto à forma da casa, do ponto de vista da planta, encontram-se algumas variações. Primeiro, há plantas formadas por um único retângulo, mais comprido, com proporções maiores que 2:1, ou mais curto, com proporções menores que 2:1, mas raramente se aproximando de um quadrado "
(CRUZ,2010)
Vista do complexo da fazendaFonte: Acervo pessoal, sem data definida.
"...um fato importante para a escolha do local para a edificação da sede era a existência de água, tanto para abastecimento quanto para movimentação de equipamentos que dependiam de força motriz. (...) A água para afazeres domésticos era carregada do córrego ou da bica em grandes potes ou cabaças na cabeça, sendo canalizada apenas a partir do século XX. Assim, antigos cômodos localizados nos fundos da casa ou "puxados" foram construídos posteriormente para oferecer instalação sanitária e banheiro." (NOVAIS, 2009)
A implantação no terreno também levou em consideração a incidência solar nas fachadas. Como diversos exemplares do período, a fachada frontal foi construída voltada para o norte.
"A frente da casa era geralmente voltada para o norte, de forma que o alpendre fronteiro tivesse boa insolação no inverno e pouca no verão. " (NOVAIS, 2009)
PLANTA
PLANTA
"No que se refere à distribuição interna dos cômodos, as fazendas mais antigas foram ainda calcadas nos modelos tradicionais, setecentistas, sem corredores que organizassem a circulação e com alcovas m vez de quartos com janelas abrindo para fora. Logo após a varanda frontal, a sala é o primeiro ambiente quando se entra. É comum a presença da mesa, par de bancos e cabides para pendurar selas, chapéus etc. Após a sala, encontravam-se os dormitórios. muitas vezes voltados para ela. A cozinha ficava sempre no fundo da casa e possuía um fogão a lenha. Junto à cozinha, outro cômodo abrigava o forno de barro, onde se preparavam os assados. A despensa também era muito comum na ala de serviços e normalmente ficava contígua à cozinha.
(NOVAIS, 2009)
O modelo citado por Novais (2009) condiz com a planta adotada na Sede em análise. O acesso à casa pela varanda conduz a primeira sala (Sala 1) e, em sequência, aos primeiros quartos (1 e 2) . Este primeiros ambientes, juntamente com a atual dispensa que funcionava como quarto para os viajantes, configuram-se como a área social
Eis nossa arquitetura tradicional doméstica. Funcionalmente caracterizando-se pela boa distribuição das plantas: parte nobre, parte íntima e de serviço, autonomamente entronizadas; plasticamente desataviadas singelas, mas agenciadas em boas proporções, harmonicamente dispostas.
(VASCONCELLOS, 1958)
PORÃO
PORÃO
"O programa de necessidades é resolvido sempre em um único pavimento, normalmente chamado de pavimento nobre pelos historiadores da arquitetura. O porão servia para fazer o ajuste da topografia e para soltar a casa do chão. Quando utilizado, servia de depósito, guarda de animais ou abrigo para os escravos ligados à casa." (CRUZ,2010)
Assim como descrito por Cruz, a casa de um pavimento apresenta um portão possibilitado a partir do ajuste ao declive do terreno. Devido ao baixo pé direito, estima-se que era um porão destinado apenas à armazenagem. Em determinado momento, o porão foi fechado para evitar entrada de animais.
"Havia três tipos básicos : as casas de dois pavimentos, situadas em meia encosta, sendo o térreo utilizado para depósito; de dois pavimentos, situada no topo de uma elevação, sendo o térreo para comércio; de apenas um pavimento, em meia encosta, situada em local alto, privilegiada em relação ao entorno. (NOVAIS,2009)"
Conforme Novais (2009), a sede analisada enquadra-se no primeiro modelo — casa de dois pavimentos em meia encosta —, ainda que o pavimento térreo, reservado ao depósito, apresente altura bastante reduzida, o que limita seu acesso.
Vista da fachada frontal da sede. Detalhe para acesso fechado ao porão.Fonte: Acervo pessoal, 2025.
Vista da fachada esquerda da sede.Fonte: Acervo pessoal, 2025.
Vista da fachada frontal da sede.Fonte: Acervo pessoal, 2025.
As edificações apresentavam comumente altimetria de dois pavimentos, em decorrência da topografia acidentada. Sylvio de Vasconcellos chega caracterizar O vasto acervo mineiro de acordo com essa característica:
"Em Minas (..) ergue-se a construção sobre esteios de madeira, Pelo menos na Sua parte da frente, ficando a posterior ao nível do terreno, solução permitida pelos aclives naturais que não Se corrigem."
(VASCONCELLOS, 1958)
Ivo Porto de Menezes complementa a observação de Vasconcelos, indicando a notoriedade dos cômodos elevados: "Ressalte-se que a maioria das sedes de fazendas tem seu pavimento nobre elevado do solo, algumas abrigando um porão total, enquanto outras têm porão apenas em sua parte fronteira ou lateral (..), situando-se, assim, a meia encosta, outras ainda semi-elevadas, poucas térreas".
(BARROS, 2012)
VARANDA
VARANDA
Vista da varanda da sede.Fonte: Acervo pessoal, 2025.
Vista da varanda da sede.Fonte: Acervo pessoal, 2025.
"A varanda interessa a quase toda a fachada, cuja composição se define no ritmo de seus apoios verticais repetidos. De um lado, rematando-a, fica um pequeno cômodo, a capela ou quarto de hóspedes, partido que, em planta, pode ajustar-se ao paulista ou evoluindo destes mas que igualmente participam da tradição portuguesa. "
(CRUZ,2010)
A varanda , situada na fachada frontal da casa segue a descrição de Cruz , possuindo aos fundos, um cômodo , hoje sob função apenas de despensa , mas que servia também, como quarto para viajantes.
"Em todo o Brasil Rural de antigamente, é bom lembrarmos, esse zoneamento das casas fatalmente haveria de ocorrer; longas distâncias, a necessidade de pernoites ao longo dos caminhos vastos e desertos, às vezes viajantes conhecidos, amigos ou até parentes, às vezes caminhantes suspeitos, “cometas”, ou mascates, que deviam ser tratados sem muitas intimidades"
(CRUZ,2010)
O mesmo é retratador por Novais (2009), quanto à necessidade numerosa de cômodos nas fazendas :
"A casa precisava ser grande, pois além da família, que já era numerosa, recebia muitos hóspedes, viajantes e vendedores, além de ser centro de relacionamento de parentes, amigos e políticos. Era essencial que a casa tivesse salas amplas, muitos quartos e quartos de hóspedes, localizados na parte menos íntima da casa para acomodar pessoas de mais cerimônia ou estranhas" (NOVAIS,2009).
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